segunda-feira, 23 de março de 2009

O peso de algumas palavras

Por Pepetela

Permitam-me em primeiro lugar agradecer a honra conferida pela Reitoria da Universidade Agostinho Neto, ao me fazer o convite para proferir esta palestra que eu gostaria bem de merecer o nome de “Oração de Sapiência”, mas temo ser demasiado modesta e ligeira para tal epígrafe.

Aproveitarei o facto de hoje a minha profissão ser unicamente a de escritor para me escudar nessa cómoda desculpa em relação a um tratamento de texto que talvez não se coadune inteiramente com a solenidade do momento. Será porventura norma nesta nossa casa que a Oração de Sapiência exija alguma reflexão teórica e respectiva linguagem sobre assuntos relevantes para uma ciência em particular. Balançando-me entre o facto de ter estudado, praticado e ensinado Sociologia, o que indicaria uma comunicação nessa área, e a minha propensão natural de ficcionista em distorcer por vezes factos escrevendo estórias, peço pois a vossa compreensão para a ligeireza e alguma falta de rigor teórico que possivelmente encontrem no meu discurso. Difícil seria acontecer o contrário e acertar imediatamente no tom mais conveniente para uma intervenção estritamente académica.

Entrando no sujeito, decidi, depois de alguma hesitação, falar sobre palavras. As palavras são afinal o instrumento por excelência do escritor, mas acabam por ser também de profissionais de outras áreas, em particular nas ciências sociais. O tema que me propus tratar, à volta das palavras, tem e não tem relação directa com as ciências sociais, sendo proveniente de observações feitas recentemente e outras intuições bem mais antigas que tenho reiteradamente repetido em público, apenas de forma diferente. Falemos pois sobre palavras.

Se me permitem um começo muito terra-a-terra, vou salientar a forma dominadora, quase tirânica, como algumas palavras se apossam rapidamente da sociabilidade, em determinado tempo e espaço. O exemplo mais claro é o da palavra engarrafamento ou trânsito caótico em Luanda, o que vem dar ao mesmo. Actualmente, surge no relacionamento entre pessoas de largo extracto social como uma continuação lógica da habitual saudação. Se perdemos trinta segundos para cumprimentar e saber da saúde do outro, gastamos seguramente mais tempo para nos queixarmos dos engarrafamentos e do trânsito caótico. Esta situação urbana passou a ser uma introdução à conversa, uma muleta para quem tem pouco a comunicar, como já foi antes o estado do tempo, com as referências sobre a chuva ou o calor.

O engarrafamento se tornou uma palavra extremamente útil no relacionamento social corrente, cumprindo o papel de gatilho da interação verbal. Tem outras conveniências. Também serve a estratégia pessoal da desculpabilização, pois a nossa proverbial falta de pontualidade encontra agora uma justificação imbatível, com provas possíveis de encontrar mesmo na imprensa internacional. É também razão apontada para cansaço persistente provocando pouca produtividade no trabalho, e mesmo desentendimentos familiares pelo afastamento material criado entre os respectivos membros. Por outro lado, se tornou ocasião privilegiada para assaltos nas ruas à vista de toda a gente e portanto para a criação da psicose da insegurança, enfim, fonte de males e perturbações psicológicas. Não nego razão a muitas destas queixas, mas a opinião pessoal do observador está fora de causa.

A palavra engarrafamento, tornada uma das mais usadas na nossa sociedade no dia a dia, explica como uma situação urbana tem reflexos sociais incontestáveis. E, se estudos fossem feitos para traduzir em kwanzas o tremendo prejuízo à economia nacional gerado pelo tempo perdido nos meios de transporte, a palavra ganharia outra dimensão à medida das nossas desgraças.

Nos dias que correm, outra palavra hiper usada é crise. Está evidentemente relacionada com a crise global financeira, originada ou apenas agravada pela especulação e apetite desenfreado de alguns magnatas do ocidente, que acabou por transbordar fronteiras e tocar toda a gente, embora alguns economistas e acríticos pensadores angolanos tenham negado a sua existência, ou mesmo a possibilidade de ela se manifestar entre nós, quando os primeiros sintomas já pairavam no horizonte e a palavra tomava incessantemente conta dos órgãos de comunicação estrangeiros. Alguns entre nós consideraram erradamente que as notícias se referiam apenas às economias mais avançadas, com forte pendor financeiro, enquanto Angola escaparia aos seus efeitos, esquecendo ou não querendo ver que se tratava de uma crise do sistema financeiro mundial e portanto afectando forçosamente todas as economias se regendo pelos princípios do capitalismo neoliberal, como é o nosso envergonhado caso, para não caracterizar o sistema económico-social que aqui se vai fazendo com um adjectivo mais contundente, mas menos digno desta venerável cerimónia.

Crise tornou-se pois a palavra das conversas, em determinado grupo social ao qual acabamos todos por pertencer, depois dos iniciais desabafos sobre o trânsito. No entanto, é palavra que merece sem dúvida maior tratamento, deixando o problema dos engarrafamentos para os políticos e técnicos que os devem resolver. Há três meses participei no Brasil num painel cujo título, curioso, era precisamente “O escritor e a crise”.

Evidentemente nenhum autor falou da crise económica e da possível acção dos escritores sobre ela, objectivo provável dos inventores do painel. Pela minha parte, limitei-me a dizer que já o título trazia equívocos, pois, por definição, um escritor é um ser em crise, pelo menos no momento de criação. A arte está indissoluvelmente ligada à procura de rupturas, inovações, correspondendo a momentos de forte tensão de grupos sociais em mudança ou à procura dela, numa palavra, crise. E depois desenvolvi a ideia já conhecida entre nós que toda a literatura angolana, desde os remotos anos do século XIX, se tem alimentado de uma sociedade em crise permanente, seja por causa da colonização e resistência a ela, seja da guerra depois da Independência, seja da situação de reestruturação social actual. E que estávamos de tal maneira habituados a crises de toda a ordem, que esta seria mais uma, apenas diferente, e não seríamos certamente chamados a resolvê-la, apenas a sofrê-la.

Acrescento que a actual crise mundial não vai obviamente encontrar solução aqui, dependentes que estamos da ordem internacional. Somos conhecidos pelo orgulho exacerbado com que nos defrontamos com o outro e a tendência a considerarmos tudo o que nos toca como sendo fundamental, único e de importância vital. Desta vez, porém, nem os mais nacionalistas ousarão colocar Angola numa das premissas essenciais de solução do problema criado pelos outros. Infelizmente para o nosso grande ego, sempre pronto a nos ver como cavaleiros andantes em busca de aventura. Devemos por isso ser humildes e prudentes ao tratar com ela, evitando gestos demasiado audaciosos que só podem neste momento ter más consequências. De qualquer maneira, mesmo se a crise não depende de nós, falamos constantemente dela e vamos usá-la como justificação para muita coisa, como se vai já adivinhando por algumas posições e intervenções públicas. Apesar de tudo de negativo que comporta, se trata de uma bela palavra, forte, rápida de pronunciar, um tiro sonoro no deserto.

Querendo, também podemos prolongar a vogal forte, criiiiise, dando um indubitável peso à nossa preocupação com o futuro. Um único aspecto quero ressaltar neste facto, é que a crise pode ser útil para o futuro. Não serei original, mais uma vez. Outros já tocaram no assunto de a situação com a qual o mundo se defronta ser capaz de estabelecer novos parâmetros para alguns apetites e exageros, obrigando a reformular o sistema capitalista vigente, pois a vertente ultraliberal está totalmente desacreditada. Talvez estes eternos optimistas tenham razão. Embora não haja de facto nada de novo, pois há mais de um século tinha sido claramente diagnosticada pelo hoje politicamente pouco correcto pensador, Karl Marx, o qual sustentava que o capitalismo vivia das crises que periodicamente criava. Assim tem sido, com maior ou menor intensidade, desde os seus primeiros escritos. No entanto, o homem é um ser de memória curta e está sempre a desaprender os ensinamentos do passado, talvez para dar mais razão de ser aos professores, os quais têm por tarefa relembrá-los.

No que nos diz respeito, pode a situação levar a repensar muita da teoria que está por baixo de numerosos actos de governantes e governados, embora normalmente essa teoria se tenha deixado de reconhecer publicamente: refiro-me à ideia, trazida dos tempos coloniais, de que Angola é um país rico.

Mesmo se a maior parte de nós não o diz claramente, por já ter vergonha de aparentar uma presunção tão combatida pela própria realidade, pensa-o nas suas conversas secretas com o travesseiro. O convencimento voltou com a euforia dos últimos anos, ao se observar um crescimento anormal do Produto Interno Bruto, apesar de alguns gritos isolados de alerta. Porém, a ideia escondida e falsa acaba sempre por contaminar o processo de traçar planos para o país.

A nossa megalomania nacional, verdadeiro traço de carácter, ou, segundo o vetusto Kardiner, um marcador da nossa personalidade de base, provém de julgarmos o país incomensuravelmente rico. Os colonizadores, nos anos sessenta e setenta do século passado, repetiram tantas vezes esta lenda, que ela passou a fazer parte do nosso código genético, por assim dizer, e agora é difícil voltar atrás e admitir o contrário, que somos de facto e por enquanto, apesar de algumas indubitáveis vitórias, um país miserável, incapaz de alimentar suficientemente os seus filhos, incapaz até agora de matar no ovo as diferentes epidemias que nos assolam, incapaz de avançar numa clara política de desenvolvimento sustentado.

Mas a crise veio para nos mostrar quanta debilidade afinal apresentamos. E ainda bem. Talvez, se nos mentalizarmos efectiva e definitivamente que país rico é aquele que pode alimentar os seus filhos e prover às suas necessidades básicas sem precisar constantemente de recorrer ao exterior, então estaremos a dar o primeiro passo para sair da situação de subdesenvolvimento em que estamos mergulhados há séculos, situação ultimamente disfarçada, mas mal, pelos arranha-céus de vidros espelhados e planos mirabolantes de viadutos esplendorosos sobre o mar. Infelizmente, essas brilhantes obras de engenharia e arquitectura ainda não saíram das cabeças e competências dos nossos profissionais, sendo sempre de inventiva estrangeira.

Além do mais, o que é triste, as grandes obras estão baseadas sobre lixo e miséria, ou
convivem paradoxalmente com eles. Por isso insisto nesta matéria de forma cansativa, somos mesmo subdesenvolvidos e dependentes. Só sairemos dessa situação de dependência quando resolvermos os nossos problemas com as nossas cabeças e quando aprendermos a olhar apenas para o espelho em busca de reconhecimento e não a procurar nas televisões ou jornais estrangeiros um magro elogio aos nossos feitos. Ao mesmo tempo que somos orgulhosos nalgumas ocasiões, diga-se de passagem por vezes com razão, também ficamos ansiosamente complexados à espera de um qualquer veredicto exterior, numa contradição patológica.
Voltando ao malabarismo com as palavras, crise é pois a que se segue a engarrafamento na frequência de uso actual, podendo vir a liderar em breve, se de facto o mundo não encontrar rápidas soluções para reformular o capitalismo, na falta de alternativa de momento, ou se nós não tivermos a capacidade de minorar os seus nefastos efeitos com os nossos próprios meios.

Mas há, por outro lado, palavras importantes e que não são suficientemente ditas. Vou pois referir-me a elas em seguida, as que deviam aparecer mais vezes nas conversas e na comunicação social mas, talvez por vergonha (ainda a vergonha!) usamos muito pouco.

A primeira é uma das mais expressivas que conheço na língua portuguesa: ganância. Sonora, vibrante e profunda, por utilizar três vezes a mesma vogal, provavelmente a mais estática das vogais, o “a”. Tem sido ultimamente utilizada nos meios internacionais, não a palavra portuguesa mas o seu correspondente em línguas estrangeiras, como um facto vindo a agravar ou mesmo a originar a actual crise financeira e económica mundial. No entanto, acho que esta palavra está na base do próprio sistema capitalista e a ele estará sempre associada. E a sociedade moderna, chamada muito propriamente de consumo galopante, tem vindo a agravar a sua importância social, transmitindo-a cada vez mais às novas gerações.

Hoje em dia já não é raro ver crianças gananciosas, tentando acumular bens ganhos de presente no supermercado ou na loja de esquina, exigindo dos pais compras incompatíveis com os orçamentos familiares. Fenómeno relativamente novo pela sua extensão, se já toca crianças porém, imaginemos então a devastação provocada no imaginário dos adultos.

Nas sociedades tradicionais africanas, a ganância tem sido apontada como uma das causas do recurso ao feitiço, sobretudo contra elementos da própria família, pois esse excesso de avidez pela riqueza se associa imediatamente ao sentimento negativo da inveja, por se não atingir o que se deseja e outros conseguirem. Muitos dos casos que a literatura antropológica nos apresenta como motivo para as práticas de feiticismo tem a ver com estes sentimentos de competição social provocados pela ganância, tentando o invejoso por actos sobrenaturais castigar os que têm algum sucesso económico destoando com a situação do resto da família ou da aldeia

Mantida em relativo silêncio, a ganância no entanto pauta cada vez mais as nossas vidas. Há pessoas que são tão viciadas nela como outros são na heroína ou na liamba. Quanto mais riqueza têm mais querem ter, açambarcando verdadeiros latifúndios agrários ou amamentando grupos económicos tentaculares, os chamados polvos da nossa economia. As notícias publicadas sobre o assunto pecam por defeito, mas o que vai aparecendo é suficiente para se detectarem as ramificações e associações entre os diferentes centros desses poderosos predadores que um dia saíram do nada para a fortuna, abocanhando tudo o que seja tragável, isto é, que dê lucros, de preferência imediatos. Porque a ganância torna o indivíduo sôfrego e apressado, treinado na arte de somar mentalmente com rapidez, deixando poucos traços ou pistas evidentes no terreno. Se a ganância se tornou num traço característico da humanidade, o que receio acontecer, então não há alternativa e estamos votados à catástrofe, terminando por dar cabo do planeta Terra e de toda a vida no seu interior.

A mesma propensão à acumulação meteórica de riquezas não se coaduna com medidas filantrópicas. Dir-se-á e eu concordo que, na nossa sociedade, ainda é cedo para uma filantropia consistente. A ideia de com o dinheiro ganho se reservar uma parte para melhorar o nível de vida dos outros ou para apoiar a actividade cultural ou científica da sociedade ainda tardará a se tornar numa filosofia de vida. Esperemos que seja apenas uma questão de tempo para que na nossa sociedade se instaure a cultura existente nos países anglo-saxónicos, por exemplo, onde é muito comum pessoas fazerem doações a instituições científicas, culturais ou de apoio social, não para terem os rostos em revistas cor-de-rosa mas por reconhecerem deveres em relação à sociedade que os beneficiou.

E este pensamento leva-nos a outra palavra muito pouco utilizada entre nós, mas que devia merecer uma atenção particular: a palavra ética. Suave, aparentando gentileza, plena de promessas. Infelizmente tão esquecida.

Por contraposição, esta nova palavra sugere-nos um outro lado do que descrevemos anteriormente. De facto a economia de mercado, digamos assim para evitar a carregada palavra capitalismo, cria nos seus casos extremos enormes diferenciações sociais. Um marcador que serve para comparar os países em função das diferenças entre as partes do sistema social é o chamado índice de Gini, que em Angola, segundo um estudo, atingiu em 2005 a taxa de 0,62. Este número revela uma das mais fortes diferenciações sociais do mundo. Quer dizer, os ricos são muito ricos e os pobres muitíssimo pobres. É resultado da tal ganância que leva alguns a enriquecerem a qualquer custo. Para esses, a ética é o mesmo que moldar estrelas em galáxias distantes, algo de absolutamente estranho e absurdo.

Quer dizer, precisamos de imprimir ética no mercado e nos mercadores. O estado e todas as instituições criadas para o efeito têm de se preocupar com a necessidade de os processos sociais seguirem normas, expressas por leis, de alto rigor. E que os cidadãos, quaisquer que sejam, não só cumpram as leis mas se sintam honrados por as cumprir. Isso é ética. Algumas igrejas têm tido a preocupação de transmitir certos valores, assim como outras organizações voluntárias de grande mérito, o que leva cidadãos a cumprirem as normas sociais e a fazerem outros cumprir. No entanto, não podem ser só estas instituições a ditar regras de conduta imbuídas do respeito pelo outro e da solidariedade necessária. Temos de ser todos nós.

A instituição que é chave para a socialização do indivíduo e à qual incumbe em primeiro lugar portanto a aprendizagem das normas e da ética é a família. Infelizmente, muitos se têm pronunciado pela falta de valores que as famílias transmitem aos seus membros, estando a instituição mesma de família num processo perigoso de degeneração, com as mudanças sociais bruscas introduzidas pela urbanização desregrada e a mercantilização da sociedade, pela destruição brutal dos agrupamentos e lideranças tradicionais, com a fraqueza das instituições criadas depois da independência, e com os resultados morais negativos das prolongadas guerras que o país viveu.

Tudo isso, além dos fenómenos mais modernos, como a globalização dos meios de comunicação, os novos interesses, e tecnologias em transformação permanente, faz com que as famílias se tornem débeis, e particularmente a camada dos mais velhos tenha perdido prestígio para educar os mais novos. Esta perda de estatuto social pelos mais velhos nas novas sociedades urbanas não foi compensada pela aquisição de outros valores ou pelo surgimento de instituições vigorosas. Daí se notar uma juventude um pouco perdida, vogando sem rumo pelas ruas, à espera que uma oportunidade caia do céu. Muitas vezes é a oportunidade para o crime a única coisa que surge à sua frente.

Nesse sentido, pertencemos a uma instituição que tem deveres imensos à sua frente na promoção da ética, uma nova ética. A universidade. E será esta a última palavra importante que vou esquadrinhar. Universidade, universalidade. Não me atreverei a dizer que é o último bastião da ética ou que deveria sê-lo. Felizmente restam vários bastiões. A universidade pode ser um deles, apenas. Pela sua missão de abrir horizontes ao desejo de conhecimento, muito mais até que transmitir conhecimentos, pela propalada vocação de ensinar a estudar, e de aliar essa busca do conhecimento à pesquisa científica, a universidade é um factor debater a sociedade, o tipo de sociedade que procuramos, e os meios necessários para o atingir. Num estudo sereno e profícuo. Já é altura de nós reforçarmos a ética social, primeiro com o exemplo de seriedade e profundidade que tem de vir de cima, do corpo docente e dos responsáveis.

Traumatizada por todas as vicissitudes por que passou, a sociedade olha com alguma desconfiança para as instituições e até para a nossa. Não quer dizer que seja verdade, mas é voz corrente que também na universidade se compram favores, acessos e oportunidades. É um sindroma do mal que afecta a sociedade, céptica em relação aos valores defendidos por outros, mas temos, não só de negar tais preconceitos, o que se vai fazendo no dia a dia, mas demonstrar pela prática que nem tudo está perdido, que existem baluartes onde a palavra honra é estimada, onde a honestidade é recompensada, onde o esforço abnegado tem prestígio. Todos nós, professores, nos queixamos de haver por parte dos estudantes, na sua maioria, a única ambição de obterem um título, sem a preocupação de ficarem realmente preparados para a vida activa. No entanto, se os estudantes têm tal percepção do que é a universidade e os seus mestres, cabe-nos demonstrar que os títulos que se adquirem sem esforço pouco valem e acabam por se esfarelar com um sopro de vento. Por outro lado, temos de levar ao conhecimento da sociedade os trabalhos aqui elaborados e que podem contribuir para a melhoria das condições de vida das pessoas e para o engrandecimento do país. Mas engrandecimento sem megalomania, engrandecimento com ética, respeito pela Natureza e, sobretudo, contribuindo para gerar as mesmas oportunidades para todos os cidadãos.

Se a procura de uma sociedade ideal é quimera do género humano, não faz mal ser um pouco utópico e esperar progresso quando ele é possível.

Sobretudo na ética da sociedade, com um ser humano que não queira acumular em si tudo aquilo que os outros não podem possuir, guardando um pouco daquele espírito que nos primeiros anos da independência se concretizava na busca do homem novo. Dizemos hoje que era uma utopia, assim como o socialismo que pretendíamos construir. Ao menos era uma utopia generosa, em que cada um queria ser irmão do outro e não seu adversário. Havia uma tentativa de ética e de universalismo, e havia fraternidade. Universalidade, universidade.

Palavras longas como o tempo, feitas para durar e para servirem de exemplo. Sejamos, na Universidade Agostinho Neto, esse exemplo de trabalho, abnegação e humildade.

terça-feira, 17 de março de 2009

I am green

Sou verde, sou plantas, pureza
A natureza, que beleza...
Sou green
como verde, como orgânico, macrobiótico
o que eu escolher!
Visto orgânico, não sintético
E protejo a terra-mãe
Eu honro Gaia

I’m green, I’m clean!
Sou verde, e porque exijo da tecnologia
eu digijo carro green
uso sabonete clean
orgânico green

Quando vou às compras
levo meu cesto de palha
e assim evito usar saco plástico,
tóxico. Sintético!

E se ao shopping for
Sei que serei bem servida
com sacos de papel reciclado
de lojas de produtos green

Produzo orgânico
Não poluo o ambiente
Vou transformando os recursos
Em seu meio ambiente
Eu sou green!
Clean!

domingo, 8 de março de 2009

More on the crisis...


So, in these cost cutting days, leave office early, eh eh eh!

segunda-feira, 2 de março de 2009

A crise segundo Einstein


"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado". Quem atribue à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la."
Albert Einstein 1879 - 1955