segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Amor

“O amor nada mais oferece para além de si mesmo
Nem nada tira senão de si próprio
O amor não possui nem é possuido
Porque simplesmente é auto- suficiente”
Kahlil Gibran
(1883-1931)

Nas últimas semanas, Florence Scovel-Shinn resurgiu na minha vida de duas formas. Primeiro foi com o seu livro “The game of life and how to play it” e a segunda foi numa citação, num site sobre a Lei da Atracção.

Foi esse primeiro contacto depois de muito tempo que me levou a preparar este post. Tudo começou numa noite em que eu estava muito triste. A tristeza era tanta, que eu nem tinha vontande de meditar nem de me socorrer das técnicas de positivação. Era uma tristeza semelhante a de um dia muitos anos atrás quando me apercebi que chorava, não pela dor daquela situação particular e que agora até já nem me lembro mais qual era, mas, porque estava com pena de mim.

Foi assim que decidi ler e dessa forma abstrair-me do meu estado de tristeza, e deixá-lo diluir-se por si só. Esse pequeno livro de Florence Scovel-Shinn veio parar às minhas mãos e eu distraidamente e ao acaso abri o capítulo sobre o amor.

Acredito que o amor é a essência da vida, e procuro aprimorar-me para adoptar o dar amor como filosofia de vida. É assim que vivo feliz e é assim que quero contribuir para a felicidade das pessoas à minha volta.

Gostei do que li, e sem me aperceber passei do estado de tristeza, para o de aceitação dos meus sentimentos. Encontrei nesse capítulo a tranquilidade que precisava para voltar ao meu centro.
Achei que essas poucas páginas deste livro escrito em 1925 são dignas de ser partilhadas, por isso as traduzi, e à medida que o fazia fui reflectindo sobre experiências minhas e de outros que se encaixavam perfeitamente nalgumas partes do texto de Scovel-Shinn. Por isso resolvi complementar a minha tradução livre desta primeira parte desse capítulo com reflexões nos parágrafos em itálico. O resto do capítulo virá com o tempo...

O AMOR

Por Florence Scovel-Shinn e reflexões nos págrafos em itálico

Todo o ser humano neste planeta está a ter a sua iniciação no amor. “O novo mandamento para vós é que se amem uns aos outros”. Ouspensky diz no Tertium Organum, que “o amor é um fenómeno cósmico”, e abre o ser humano à quarta dimensão.

A quarta dimensão é a da casa dos números complexos e da geometria fractal que foi descoberta pelo Cientista e Matemático, Benoit Mandelbrot no início dos anos 80.

Ela é hoje reconhecida como a verdadeira Geometria da Natureza e substitui a geometria Euclidiana que dominou o pensamento matemático por centenas de anos, e que diz respeito a realidades artificiais da primeira, segunda e terceira dimensões, hoje consideradas imaginárias. Para Mandelbrot, “a geometria fractal não é apenas um capítulo da matemática, mas aquele que ajuda todos os seres humanos a verem a mesma realidade de maneiras diferentes”.

Mas, voltemos ao texto de Scovel-Shinn.

O verdadeiro amor não é egoísta nem teme. Ele se espalha no objecto do seu afecto, sem esperar nada em troca. A sua alegria está no prazer de dar. O amor é Deus em manifestação, e a força magnética mais forte no Universo. O amor puro e generoso atrai o amor; e este não precisa de ser procurado nem tem de ser exigido. Pouquíssimas pessoas têm a mínima compreensão sobre o amor verdadeiro. O ser humano é eminentemente egoísta, tiranico ou receoso nos seus afectos, e por isso muitas vezes se perde quem se ama. O ciúme é o pior inimigo do amor, porque a imaginação do enciumado corre livremente quando vê a pessoa que ama atraída por outrem. Invariávelmente esses receios e medo concretizam-se, se não forem neutralizados.

Quantas conversas tive sobre este amor desinteressado e generoso? “Amor é troca”, defendeu um amigo com o assentimento de outro. Eu aceito essa forma das pessoas viverem as suas vidas, de sentirem o amor, pois afinal há várias formas de se olhar para a mesma realidade, não é assim? Mas no que me diz respeito, nada espero em troca dos meus pequenos ou grandes gestos de amor, apenas amo as pessoas com quem interajo independentemente do meu envolvimento pessoal ou periférico.

Florence Scovel –Shinn prossegue com um exemplo:

Uma mulher veio até mim profundamente magoada. O homem que ela amava tinha-a trocado por outra. A mulher estava dividida entre o ciúme e o ressentimento e disse-me que esperava que ele sofresse tanto quanto ele a havia feito sofrer. Ela várias vezes questionou como é que ele a pôde deixar se ela o amava tanto.

Respondi-lhe que ela não estava a demonstrar amor por esse homem, e que estava antes a odiá-lo, e acrescentei: “nunca se recebe de volta o que nunca se deu antes. Dê um amor perfeito e receberá amor perfeito. Aperfeiçoe-se com este homem dando-lhe um amor verdadeiro e generoso, sem lhe pedir nada em troca, sem criticá-le nem condená-lo, e abençoe-o onde quer que ele esteja”.

Ela respondeu que não o abençoaria a menos que soubesse onde ele estava. Expliquei-lhe que isso não era amor verdadeiro e que quando se sente amor sincero por alguém, esse amor é devolvido quer seja por essa pessoa ou seu equivalente, porque se aquela não for a seleção divina, não a desejaremos. Assim como cada ser humano é uno com Deus, cada um de nós é uno com o amor que lhe pertençe por direito divino.

Passaram-se alguns meses e as coisas continuaram mais ou menos na mesma, embora ela estivesse a trabalhar conscienciosamente consigo própria. Eu disse-lhe que quando não se sentisse perturbada com a crueldade dele, que ele cessaria de lhe parecer cruel, visto que ela é que estava a atrair essa crueldade através das suas emoções.

Falei-lhe também de uma Irmandade na Índia que nunca se saúda usando a expressão “bom dia”, e se cumprimenta com as palavras: “Eu saúdo a Divinidade em ti”. Sugeri que ela saudasse a divinidade nesse homem e que repetisse a afirmação “Eu apenas vejo a tua divinidade. Eu olho para ti como Deus o faz, e vejo-te perfeito e feito à sua imagem e semelhança”.

Com o andar do tempo ela apercebeu-se que estava a tornar-se mais tranquila e a perder gradualmente o ressentimento. Ele era um capitão e ela o chamava-o de “Cap”.

Um dia e sem mais nem menos ela disse-me: “Deus abençoe o Cap onde quer que ele esteja”. Respondi-lhe que isso é que era amor verdadeiro, e que quando ela tivesse completado o círculo de limpeza interior e não se perturbasse mais com a separação, teria o amor daquele homem ou atrairia o seu equivalente.

Nessa altura eu estava em mudanças e não tinha telefone, por isso não tivemos contacto por umas semanas. Numa manhã recebi uma carta dela que dizia “casamo-nos”. Na primeira oportunidade que tive liguei para ela e perguntei o que tinha acontecido. Ela respondeu que tinha sido um milagre, que um dia tinha acordado e todo o sofrimento tinha acabado. Eles se encontraram nessa mesma noite e ele pediu-a em casamento, que se consumou uma semana depois.

Há um velho ditado que é assim: “Ninguém é teu inimigo, ninguém é teu amigo, todos são teus professores”. Por isso é importante que aprendamos o que cada um tem para nos ensinar, mesmo e sobretudo quando sofremos.

Não me sinto muito confortável com a não existência de inimigos desse ditado e muito menos quero aceitar que ninguém é meu amigo pois tenho muitos, e bons amigos e amigas! Cada um é especial e eu os amo por aquele vínculo singular que nos liga. Não amo todos nem sequer dois da mesma forma! Mas voltando ao ditado tenho que concordar que harmoniosamente somos todos professores uns dos outros.

O homem que esta mulher amava estava a ensinar-lhe o que é o amor desinteressado, coisa que todas as pessoas terão que aprender.

Outra prespectiva de analisar desta história é através da Lei da Atracção. Um dia talvez publique algo sobre esta lei espiritual, que, contráriamente à lei fisica que defende que cargas do mesmo sinal se repelem e de sinal contrário se atraem, no essencial diz que os semelhantes se atraem. A explicação desta atracção de iguais é dada a nível vibracional e energético. Por exemplo, muitas vezes pedimos uma coisa a Deus ou ao Universo por palavras ou pensamentos e recebemos justamente o contrário daquilo que queremos. A Lei da Atracção explica que isso acontece porque o Universo não responde às nossas palavras ou acções, mas sim aos chamados vibracionais. Ao simplesmente sentir ressentimento para com aquele homem, a mulher deste exemplo estava a atrair para si ressentimento e não amor. Quando ela superou esse sentimento e abriu o seu coração para o amor, foi isso que ela recebeu do Universo.

Quanto mais próximos estivermos da Fonte de Energia, Deus, Universo, ou como queiramos chamar, mais harmonia teremos com o próximo, por que afinal todos e cada um de nós, tal como John Lenon e Paul McCartney escreveram e os Beatles cantaram ALL (WE) NEED IS LOVE.

2 comentários:

  1. Anita, estas de parabéns. O que escreves-te tocou me profundamente. Também tive a oportunidade de ler o livro “The Secret” que realmente faz menção as vibrações e que somos nós que atraímos o que nos acontece na vida, por outras palavras somos responsaveis pela nossa própria vida. Engraçado que olhando para atraz, nos meus anos de adolescência, acho que existe uma veracidade nisso

    ResponderEliminar
  2. Oi Eduarda
    Foi bom ter recebido este teu comentário!
    Obrigada. Fico feliz que tenhas visto reflectido um pouco de ti neste post.
    Vai passando quando der.
    Beijos,

    ResponderEliminar